quinta-feira, 10 de outubro de 2013

LALY OLIVER - O DESERTO






O DESERTO
Por Laly Oliver.

Olho em volta, o deserto me engole.
Mal enxergo a mim nesta tempestade de areia.
Olho em volta e como numa imagem surrealista,
toda imagem é tragada ao enorme nada.
Como a torre do tarô, 
tudo em volta desmorona.
Tento fugir deste despertar do sonho.
Tento correr do desvendar de Maya.
Minhas pernas travam, 
tento gritar deste pesadelo desperto,
minha garganta emudece.
Conheço este roteiro,
já assisti mil vezes este filme.
Sei que preciso descobrir os olhos.
Sei que tenho de enfrentar o vazio do sonho desfeito.
Mas o torpor de Maya era tão bom.
Olho em volta e o deserto implacável me encara.
Olha minha alma como uma serpente.
Tento algo para me apegar.
Minha mão não alcança nada.
Tenho de ficar ali parada.
Tenho de assistir a refilmagem.
Roteiro ruim, sempre esperando um novo final.
Tenho de resignar a verdade incontável dos fatos.
Só ouço o zunir do vento na areia,
e todos meus alarmes tocando.
Sei que preciso escutar.
O tempo é o condutor da verdade.
Espero que só seja um medo tolo e infundado.
Espero que sejam somente os fantasmas dos passado,
rondando minhas lembranças.
Eu deveria tê-los exorcizado.
Só repetição de padrão.
Vida me mostra logo o que tenho de aprender.
O peso de mil sóis esmagam a alegria.
Vida me mostra logo seus sinais.
Olho em volta e o deserto me engole.
O som dos alarmes disparados não me deixam pensar.
O vento e areia bloqueiam o ar em meus pulmões.
Minha cabeça gira.
Anjos e Arcanjos me deem um sinal.
Mística me indica o caminho.
Me façam sentir sua presença.
De novo estou ao sabor das tempestades.
Não me permitam sentir sozinha magos de luz.
Preciso respirar, preciso me mover, preciso ver....
E a tempestade de areia não deixa.

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