CRISTAL MOÍDO
Por Laly Oliver
Algo em mim se quebrou,
cristal partido, cacos cortantes.
O vaso não está o mesmo,
a taça não mais transborda.
Sei que reporei a peça.
mas fica a sensação de tempo perdido.
Você alimenta minha insegurança.
Talvez por achar divertido.
A história não é mais a mesma.
O vaso raro se partiu.
Mas no auge de sua diversão você não notou.
Você aumenta a fenda,
Logo estaremos em margens opostas do abismo.
Logo você não conseguirá mais vir até mim.
Meu silêncio te levará em outra direção,
e eu retomarei meu caminho.
Caminharei junto de outros.
O cristal foi moído,
e eu não o recolherei de propósito.
Quero me ferir cada vez de novo,
para me lembrar o que houve.
Isto será antídoto,
esta será minha escapatória.
Delapidarei cada face do sonho
eu desgastarei cada faceta.
O cristal moeu
e eu desfigurarei sua imagem.
Eu torcerei suas intenções
Eu irei desqualificar cada uma
das qualidades que inventei para você.
O cristal moeu
Os véus estão caindo,
um a um,
lentamente...
Nem gosto da imagem que eu vejo.
Não se esforce mais ostentando
uma figura na qual não acredito.
Já vi tua verdadeira face.
Tudo que você me disser ou fizer
daqui em diante,
passará pelos cacos de vidro,
passará pela devastação que me
causou seu orgulho e presunção.
É só uma questão de tempo.
Só que desta vez você não terá
nenhum aviso, nenhum sinal.
Até que chegue o momento,
em que só me causará enfado.
Cada coisa vindo de você será combustível
para o fim.
Estou esperando que me dê motivos.....
.
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